sábado, maio 17, 2008

Para os meus amigos...

Hoje acordei com muita saudades dos meus amigos. Não que eu não acorde pensando neles todos os dias, mas há dias em que a lembrança fica mais viva, mais presente; hoje é um desses dias.

Acordei lembrando do passado e sentindo falta do presente, já que todos os meus amigos estão longe. Longe fisicamente, não em espírito e pensamento. Eles estão perto de mim sempre.

Quando dói muito olhar para trás e é assustador olhar para frente, eu olho para o lado e eles estão lá.

Mas quando acordo assim fico pensando o porquê de certas coisas na vida. Por que a felicidade está sempre dividida ao redor do mundo, por que escolher é renunciar, por que a vida sempre vem pela metade, por que aprendemos a lição tarde demais.

Hoje acordei num daqueles dias em que só se quer chorar e lembrar. Não que a felicidade não esteja aqui, está como nunca esteve presente antes, mas não é totalmente real, porque não tenho fisicamente aqui comigo os meus amigos para compartilhar, para abraçar, para beijar.

Para lembrá-los com o meu olhar o quanto a minha vida depende deles, o quanto a minha felicidade está atrelada aos seus sorrisos. Não tenho medo de dizer que sou dependente. Quem se acha auto suficiente na vida se engana tremendamente e se tem em alta conta. A vida só é real se compartilhada com alguém.

Hoje eu penso que gostaria de saber que um dia sentiria tanta falta da presença física dos meus amigos. Se eu soubesse disso antes, faria tudo igual mas diferente.

Aproveitaria mais, abraçaria mais, diria todos os dias o quanto os amo. Passaria mais madrugadas participando de seus projetos, ficaria até mais tarde em suas festas, daria menos “bolos”.

Se eu soubesse dividiria mais porres e menos ausências. Iria junto para aquele show de flamenco, dormiria mais vezes nas suas casas, visitaria mais.

Faria mais filmes juntos, escreveria finalmente aquele livro que sonhamos. Ficaria até o sol raiar na cerimônia de casamento, e diria dane-se para a minha viagem de trabalho.

Passaria mais vezes nas suas casas para escutar as mesmas histórias de sempre, para lembrar daquela época em que o grande compromisso da vida era ficar junto dos seus amigos.

Se eu soubesse amigos, eu seria ainda mais presente...

Não sou poeta e as vezes não sei expressar com clareza o que estou sentindo. Por isso é tão bom saber que alguém um dia sentiu o mesmo que você e soube colocar no papel. Assim você pode deixar registrado pro mundo o que você está querendo dizer.

E hoje sentindo essa saudades dos meus amigos, eu reli um dos meus textos favoritos sobre amizade:

“Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.

A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências...

A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.

Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure.
E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.

Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.

Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer...

Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!”

Alguns podem achar clichê, para mim o clichê faz parte do sentimento de se amar alguém. E só se ama livremente e por completo quando aceitamos ser "clichê" sem medo...

Pra mim todo dia é o "dia da amizade". Para vocês meus amigos, com muita saudades!