No começo é um misto de angústia e curiosidade. Como quem vê o mar pela primeira vez e já não é mais criança. Você quer pular mas a vontade vira medo. O frio na barriga que dá antes da queda do carrinho da montanha russa.
Vive-se, tudo é novidade. E então ao olhar para o mar pela primeira vez, você pula. Como voltar à infância, agora com brinquedos mais complexos. Vai durar pra sempre? Quem sabe, dizem que a vida é uma só.
O tempo passa novamente. É esquecimento. A mente evita o pensamento, assim o corpo evita o sofrimento. Mas um dia vira realidade, chega a saudades e o corpo responde chorando.
Chora-se muito, mais do que já se chorou na infância. Chora-se de insegurança e de lembrança. Chora-se para trazer o passado para mais perto. Viver o mesmo todo dia faz com que o coração se acalme. É seguro, eu conheço, é a minha terra.
Mas a vida não espera sentada, há que se viver a dor, a solidão, a saudades. Há que se viver o novo, o desconhecido, o amor. Deve-se pular no oceano, na primeira vez que o avista, para conhecer o gosto salgado da água, o bater das ondas no corpo, o gelado do mar nas costas. Só assim conheço a vida.
Há que se viver o novo mesmo que chorando. Há que se viver e ponto.
E por isso seguimos vivendo mesmo que de angústia. Seguimos chorando. Mas sempre pulando no oceano, na primera vez que o avista.
Filme do dia_ "Paris Je T'aime" by Various Artists
Música do dia_ "La meme Histoire" by Feist
Frase do dia_ "Life is a dance we all have to do. What does the music require?"