terça-feira, fevereiro 03, 2009

Só sei que nada sei...

Eu não sei mais escrever. É verdade.

Com todas essas mudanças gramaticais na língua portuguesa eu não sei mais escrever. Nada contra a aposentadoria do trema, eu nunca coloquei trema nas coisas de qualquer maneira pra ser bem honesta. Acho válida a explicação da necessidade do trema nas palavras, mas inútil na teoria, como a maioria das coisas, em tese. É bonito escrito e uma bosta no dia a dia. Fora que essa história de trema já tinha "morrido" fazia um tempo, só adicionaram na lista de mudança pra fazer número.

Mas as demais mudanças achei inúteis. Só complicou pra quem já saiu da escola. Pra quem ainda está aprendendo tudo bem, mas pra quem já virou adulto (um certo mau uso da palavra "adulto", concordo) só piorou. Agora tudo que levava acento não leva mais e fica parecendo errado. Como escrever paranóia sem acento? Ou heróico? Velho, tá errado sem acento!!

Antes eles tivessem abolido todos os acentos num geral! Aí sim essas novas regras viriam para o bem! "Abaixo a ditadura dos acentos!" Nessa to dentro. Agora ter que ficar pensando se a palavra é um ditongo aberto, paroxítona, ou uma forma verbal que tem acento tônico na raiz, é pedir muita consideração para pouco retorno.

Fora que no ofício onde todas as mudanças são listadas tem palavra escrita errada. Não aboliram o acento circunflexo no "têm", agora não virou "teem"? Então porque no anúncio oficial listando as alterações gramaticais na língua portuguesa vem escrito "têm" com acento? Pra confundir ainda mais? Queria ver o que o pessoal do Estadão anda fazendo agora.

Da minha parte eu não vou mudar nada. Vou continuar escrevendo como me ensinaram na escola, com os erros gramaticais que diferenciam a minha pessoa dos demais. Pouco me importa quem anda com pouco trabalho e resolve ficar fazendo mudanças de última hora numa língua que já tem 724 páginas de regras gramaticais e 5.783 excessões pra cada uma dessas regras.

E por falar em acentos, o que acontece com o único acento que poderia de fato ser abolido: crase!? Ninguém sabe como usar de verdade, e ainda assim continua em vigor.

Acho que isso tudo faz parte do esforço de incluir a gramática na lista de coisas que não podem ser levadas a sério no país. Se tantas regras são ignoradas pelos brasileiros, porque não incluir as gramaticais? Mais uma pra fazer número na lista!