Sonhos que se perdem, tornam-se impossíveis eu diria. E então ficamos a viver de momentos que não existem, tentando sugar alguma essência desconhecida, escondida de nós. Nossos sonhos estranhos a nós mesmos.
A cidade não pára, e todos seguem seus caminhos indiferentes a todo tipo de envolvimento. A cidade que faz tudo que é belo, frio. A cidade que faz tudo que é frio, belo. A mesma cidade que me faz esquecer a cada dia o que sou e faz você acreditar a cada dia em quem você é.
Mas vamos falar sobre o contentamento, sobre as virtudes. Só por hoje vamos isolar o mundo para além de nós e filosofar sobre o mais sublime no ser humano. Vamos esquecer da matéria de que somos feitos e falar de éter, de pureza.
Só por hoje vamos escrever um conto alegre e só por hoje afastar a depressão e acalmar o coração, que de tantos tiros vai morrendo aos poucos.
Vamos sonhar, vamos... e tirar nossos sonhos da impossibilidade. A vida real acontece lá fora, eu sei, mas só por hoje vamos ficar submersos nas leituras de outras histórias... criar outros personagens, outros mundos, outros finais para cada vida que já escrevemos.
Vamos esquecer as verdades que só nós conseguimos ver e aceitar as mentiras que nos contam, vamos acreditar nelas, só por hoje.
E esquecer de nossa própria existência, nos entregar às nossas paixões momentâneas, sem pensar. Só por hoje vamos parar de pensar.
Escutar outras músicas, cantar outras canções, ver outros filmes, ler outros livros... não para sempre, não por muito tempo...
A nossa alma despedaçada de tanto viver verdades agradecerá com um sorriso, aquele secreto. Se pudermos entender isso, vamos sorrir sempre, nem que seja somente por uma palavra, por uma linha, por uma página ou só por hoje...
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