segunda-feira, março 02, 2009

Everybody's gotta learn sometimes...

Dentre as infinitas partes que me emocionam no filme Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças existe uma em particular, bem no finalzinho, que me veio à mente agora, enquanto espero a hora de voltar pra casa. Quando a personagem de Kirsten Dunst descobre que já viveu uma história de amor com Howard, o dono da clínica na qual ela trabalha e que apaga a memória daqueles que querem simplesmente esquecer.

Ao descobrir que ela sofreu o procedimento e perdeu todas as memórias da sua história com ele, ela pergunta a um colega de trabalho: How did I look?, ele responde, “happy, with a secret”.

Tem muitas coisas neste filme que me fazem ponderar sobre a vida, o passado e as desilusões que já vivi. Dentre tantas conclusões espetaculares há uma em particular que me encanta: todos nós já fomos, em algum momento do nosso passado, um personagem dele. Você já “apagou” alguém por impulso, foi “apagado”, ou já foi o “médico” que ajudou a “apagar” alguém. E todos já fomos a personagem que se pergunta ao final da história “Did I look happy?”. Você não se lembra mais.

Esta história de incluir uma máquina que apaga memórias no filme foi a licença poética de Gondry para exemplificar a dinâmica do final de um relacionamento. Esta e muitas outras metáforas geniais durante o filme.

Você quer esquecer, virar a página e com a frieza de um cartão amarelo que chega pelo correio pedir a todos que “por favor, não comentem mais sobre esta pessoa na minha presença, ela foi apagada da minha existência”. Genial a metáfora dos cartões amarelos. E mais genial ainda fazer com que o personagem principal leia este cartão, é com essa mesma frieza que recebemos a notícia de que não fazemos mais parte da vida de alguém.

Existe um outro trecho cheio de significado, quando Joel está apagando a sua última lembrança de Clementine e ele tem uma conversa com ela totalmente fora da sua memória, já que na história real ele foi embora e por isso não existe nenhuma lembrança deixada para trás.

Clementine pede para que ele fique desta vez ou pelo menos lhe conceda uma despedida, para que eles finjam por um dia que tiveram uma. Ele atende ao pedido de Clementine e concede um último adeus, criando um novo final para a história dos dois, na casa de praia em que eles se conheceram, cheia de neve ao redor.

No carro ele diz para os amigos que Clementine “was just a girl”. Todas as pessoas que mudam a nossa vida foram no começo “just someone”. E é lindo assim, porque é tão simples.

Para todos aqueles que escolheram esquecer e para todos aqueles que não temem recordar.

Nenhum comentário: